Por que comemos mais no frio? Entenda o que acontece com o corpo e como evitar o ganho de peso.
- RAQUEL MOREIRA
- 4 de jul.
- 3 min de leitura
Com a chegada do inverno, uma cena se repete em muitos lares: aquela vontade irresistível de pratos mais calóricos, chocolates, massas, fondues e bebidas quentinhas. Não é só impressão: comer mais durante os dias frios é um comportamento comum e tem explicações tanto fisiológicas quanto emocionais.
Mas afinal, por que sentimos mais fome no frio? E como equilibrar essa necessidade sem prejudicar a saúde ou ganhar peso? Neste artigo, vamos entender melhor essa relação entre clima e apetite, e trazer dicas práticas para atravessar o inverno com mais consciência e bem-estar.

O corpo precisa de mais energia no frio?
Sim, e isso tem base fisiológica. Durante os dias frios, nosso organismo precisa manter a temperatura corporal estável, em torno de 36,5°C a 37°C.
Para isso, ele gasta mais energia especialmente quando estamos expostos a ambientes gelados. Esse gasto energético é conhecido como termogênese, e em teoria, poderia justificar um leve aumento na ingestão calórica.
Entretanto, vale a ressalva: no nosso dia a dia moderno, a maior parte das pessoas vive em ambientes climatizados, protegidas do frio. Ou seja, o corpo não precisa necessariamente de tanto combustível extra quanto antigamente.
Segundo um artigo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (Ravussin & Bogardus, 1989), o metabolismo pode aumentar ligeiramente em baixas temperaturas, mas não o suficiente para justificar um aumento expressivo na ingestão de alimentos.
O papel das emoções e do conforto
Mais do que o frio em si, o que realmente nos leva a comer mais são as emoções associadas a essa estação. Os dias mais curtos e nublados podem afetar a produção de serotonina, um neurotransmissor ligado ao bem-estar e ao controle do apetite.
A queda na serotonina pode gerar sintomas como:
Mau humor,
Ansiedade,
Desejo por alimentos ricos em carboidratos e açúcares (como pães, massas, doces e chocolates).

Esses alimentos aumentam temporariamente a produção de serotonina, dando aquela sensação de conforto. Por isso, a fome no frio é muitas vezes emocional e afetiva, não apenas fisiológica.
Estudos, mostram que a ingestão de carboidratos realmente melhora o humor em dias frios, o que reforça esse comportamento.
Comer mais não é o problema, o exagero sim.
Ter mais fome no inverno pode ser natural, mas é preciso equilíbrio. Afinal, o risco está no excesso calórico constante e na redução da atividade física, que também costuma ocorrer nessa estação.
A combinação de:
maior ingestão de calorias,
menor gasto energético,
e alimentos mais calóricos e ultraprocessados,
acaba levando ao aumento de peso, especialmente se mantida por semanas ou meses.
Como driblar a fome no frio sem abrir mão do prazer?
Aqui vão dicas práticas e realistas para enfrentar o frio sem exagerar:
1. Priorize alimentos quentes, mas leves
Sopas, caldos e ensopados são ótimas opções desde que preparados com legumes, proteínas magras (frango, peixe, ovo) e sem excesso de creme de leite ou queijos gordurosos.
2. Aumente o consumo de fibras
Legumes, vegetais, grãos integrais e frutas com casca ajudam a dar saciedade, controlando o apetite e evitando beliscos fora de hora.
3. Mantenha a hidratação
No frio sentimos menos sede, mas o corpo continua precisando de água. Aposte em chás naturais, como camomila, erva-doce ou gengibre com limão, sem açúcar.
4. Não pule refeições
Ficar muito tempo sem comer aumenta a fome e pode levar ao exagero nas refeições seguintes. Mantenha uma rotina com lanches leves e refeições equilibradas.
5. Inclua fontes naturais de triptofano
Esse aminoácido ajuda na produção de serotonina. Ele está presente em alimentos como banana, aveia, grão-de-bico, ovos, castanhas e sementes.
6. Mexa-se , mesmo com preguiça.
Manter alguma atividade física (mesmo que em casa) ajuda a controlar o apetite, melhora o humor e acelera o metabolismo. Caminhadas, treinos curtos e dançar em casa já fazem diferença.

É importante lembrar que comer bem também é uma forma de autocuidado. Permitir-se saborear um prato quentinho ou um doce favorito de vez em quando é saudável, desde que feito com consciência e equilíbrio.
A chave está em ouvir seu corpo, identificar se a fome é real ou emocional, e fazer escolhas que alimentem não apenas o estômago, mas também o bem-estar.
Adaptado de Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira.
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